Marcella Maia, atriz trans que estará no elenco da próxima novela da Globo, veio a público esta quinta-feira (23), relatar o caso de agressão que sofreu em sua última viagem a Caraíva (BA).
A atriz denunciou as agressões sofridas em suas redes sociais, divulgando fotos que mostravam marcas pelo seu corpo.
“Preconceito existe. Se cuidem! Sem chão, sem força. Tô viva!”. Declarou a atriz em seu Instagram.
Segundo A Maia, ela estava em uma festa de despedida de sua passagem por Caraíva, quando foi intimidada por olhares de homens presentes no local. Sentido-se insegura, decidiu ir embora, quando no caminho foi abordada por um homem que começou a agredi-la, jogou sua cabeça contra o chão, puxou seu cabelo, agarrou seus seios, como se quisesse arrancá-los e chegou a enforcar a atriz enquanto gritava: “Você não é de Deus!”.
A Maia conseguiu desvencilhar-se e correu até uma festa próxima, onde encontrou o modelo internacional Tauá Biral Moreira, morador da região.
A Maia afirma que já havia sofrido discriminação, perseguições e ameaças do modelo em ocasiões de trabalho fora do país, e infelizmente o encontrou neste lugar e que então, Tauá teria a ameaçado de morte. A Maia acredita ainda que também foi o modelo que teria incitado o ódio dos moradores locais contra sua pessoa.
Casos como o relatado por A Maia são recorrentes. Segundo o projeto Trans Murder Monitoring, da organização Transgender Europe (TGEU), o Brasil liderou o ranking de violência a pessoas trans entre 71 países monitorados pelo instituto em 2017. E segundo a ANTRA – Associação Nacional das Travestis e Transsexuais, o Brasil continua sendo um país que lidera os números de assassinato de pessoas trans, ao mesmo tempo em que lidera também o consumo de pornografia trans, segundo levantamento das pesquisas realizada no Redtube, o que nos traz um dado muito elementar sobre estas violências.
O ocorrido com a atriz evidencia um caso de transfobia, o qual configura crime pelo Projeto de Lei 7582/14 aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados em 2019 e também pela Lei 11340/2006, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, que amplia a proteção contra a violência de gênero também às mulheres trans.
Casos como esse não são isolados e devem ser repudiados e devidamente denunciados e criminalizados no combate à transfobia e violência contra mulheres trans e pessoas LGBTQIA+.
O ocorrido já foi notificado, a atriz registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Porto Seguro (BA) e o caso está sendo encaminhado pelos advogados.