Viridiana flerta com o ouvinte em “3X4”, uma faixa sobre o desejo na era das paixões virtuais, cultuadas à distância. A faixa ganha um clipe dirigido por Juliana Franarin que apresenta a artista buscando a sua imagem em múltiplas versões de si mesma em meio a várias telas. O lançamento, disponível em todas as plataformas de música digital, antecipa o álbum “Transfusão”.
Assista a “3×4”: https://youtu.be/v6MwEtG3FWM
Ouça “3×4”: https://links.altafonte.com/vr6zrde
“‘3×4’ surgiu enquanto eu pensava em como construímos as nossas próprias imagens e narrativas. Penso nesse lugar que ocupo como pessoa trans, de ter em meu corpo muitos gatilhos, muitas vivências que não quero mostrar, que quero deixar só pra mim. Ainda mais nesse pique de redes sociais e de se auto-vender, é muito nítido como a construção dessa imagem virtual acaba sendo terapêutica, e não só parte do meu trabalho. É como imaginar alguém que eu poderia ser, e viver naquilo ali enquanto navego, interajo, curto e compartilho. Por isso pensei nessa ‘rainha da câmera frontal’, como aquela pessoa que domina isso, que consegue se colocar nos pedestais mais altos e mais lindos e faz todo mundo acreditar, mas no fundo ela sabe que aquilo é tudo fake, tudo em pixels”, conta a artista.
Viridiana é o projeto artístico de Bê Smidt, multiartista trans não-binária de Porto Alegre. Mesclando referências da canção brasileira com a música pop e eletrônica dançante, Viridiana canta sua vivência como pessoa trans, se camuflando nos sintetizadores e se descobrindo na voz.
Em 2019, ela teve a estreia de sua carreira com o EP “Androgênia” e a performance audiovisual “Anatômica”, que foi indicada ao importante Prêmio Açorianos. Viridiana produz e compõe todas as suas músicas em seu home studio, sintetizando seus sons e suas verdades.
“Quis contrapor essa ideia que é um tanto contemporânea com uma sonoridade muito retrô e super dançante. Eu tenho muitas referências do fim da década de 70 e início de 80, mas meu objetivo é sempre conseguir transpor isso pra cá, Brasil 2021. Por isso acabo brincando com manipulações na voz ou com alguns timbres que sejam mais contemporâneos, trazendo essa sonoridade trans-oitentista. No fim, gostei que o tom da música parece otimista, parece entender que criar infinitas eu‘s é algo que pode nos engrandecer, e esse é um dos temas que vou abordar bastante no disco Transfusão”, comenta a artista sobre o projeto inteiramente composto e produzido por Viridiana.
O lançamento chegará através da PWR Records, um selo musical e produtora de eventos focados na difusão e promoção dos discursos femininos como potências criativas, não um gênero musical ou tendência de mercado. O álbum de estreia de Viridiana tem patrocínio do Natura Musical, que garantirá a finalização, gravação e lançamento do disco.
Viridiana foi selecionada pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Rio Grande do Sul (Pró-Cultura), ao lado de Dessa Ferreira, Pâmela Amaro, Circuito Orelhas, Gravina DasMina e Feijoada Turmalina, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 39 projetos até 2020, como Filipe Catto, Tem Preto no Sul, Borguetti e Yamandu, Zudizilla, Sons que Vem da Serra e Thiago Ramil.
“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.